Moradoras convivem com esgoto a céu aberto no Piquete

Falta de saneamento básico e pavimentação são alguns dos problemas enfrentados no território 

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Fotos: Laura Santos, estudante do 3° ano de jornalismo

Texto: Maria Fernanda Bertolino e Livia Queiroz, estudantes do 1° ano de jornalismo

Ruas sujas de esgoto, dificuldade de acesso por falta de pavimentação e resíduos sem local adequado para descarte constituem a realidade vivida pelas moradoras do Piquete. A comunidade sofre com a falta de infraestrutura e saneamento básico na sua região.  O “lixo fica espalhado pelas ruas, muitos mexem e espalham por todo o lugar”, lamenta Aparecida Benedita, moradora do Piquete há 6 anos.

 

Em nota oficial ao Gênero em Pauta Unesp, o Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE) admite já ter recebido demandas sobre problemas de saneamento básico  do Piquete, mas diz existirem dificuldades estruturais que impedem a realização dessas solicitações. “A principal dificuldade em fornecer saneamento básico em áreas periféricas como o Piquete está relacionada à falta de infraestrutura básica prévia”, afirma a nota. O Departamento ainda acrescenta que está acompanhando de perto o processo de reurbanização do Piquete para iniciar as obras de saneamento assim que a região estiver regularizada. 

 

Dentro do menu de serviços disponível em seu site, o DAE afirma  que, para solicitar uma ligação de água e esgoto, é preciso ser apresentada várias documentações. Porém, como os moradores dos Piquetes I e II não possuem regularização do endereço em que moram, não é possível solicitar o tratamento de esgoto e fornecimento de água adequada. “Sem a devida regularização dos lotes e a conclusão do processo de reurbanização, de responsabilidade dos órgãos de planejamento e obras da Prefeitura de Bauru, não é possível iniciar as obras de instalação das redes de água e esgoto”, reitera o DAE. 

 

A Secretaria de Obras, órgão da Prefeitura de Bauru, juntamente com o Departamento de Habitação da Secretaria de Planejamento e com o Fundo Social de Solidariedade do Município, assegura estar trabalhando no planejamento para implantação de infraestrutura na comunidade. Assim como o saneamento básico, a pavimentação é essencial para as moradoras da região. Pérola Mota Zanotto, Secretária de Obras, explica a principal dificuldade para asfaltar o bairro do Piquete: “O município tem elaborado projetos para implantação de redes de drenagem e pavimentação em várias regiões da cidade, mas a execução depende de dotação orçamentária”. 

 

 A falta de asfalto no Piquete prejudica, de diversas maneiras, o dia a dia das moradoras. “Perdi consulta médica, porque choveu e alagou tudo”, conta Cássia Costa, residente da comunidade. E o esgoto a céu aberto também é fator preocupante na vida de mulheres e crianças que ali moram. 

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A convivência diária com esgoto a céu aberto afeta diretamente a qualidade de vida, aumentando a vulnerabilidade para com doenças. Além disso, dejetos ao ar livre poluem a água e o solo de uma região. “Ambientes com esgoto a céu aberto são propícios para a proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças”, diz a técnica em enfermagem Mônica Lopes. Ela alerta sobre os perigos do esgoto exposto aos efeitos do tempo para a saúde, especialmente das crianças. “A exposição a gases tóxicos e bactérias pode causar irritações na pele e problemas respiratórios”, ressalta. “As crianças que vivem em áreas com saneamento precário frequentemente adoecem, perdendo dias de escola e afetando também seu desenvolvimento educacional”, adverte Mônica. 

 

Por conta da falta de planejamento urbano no bairro e consequente escassez de arborização, as moradoras da comunidade são obrigadas a lidar com altas temperaturas, um ar de baixa qualidade e desastres causados pelos períodos de chuva, como os alagamentos presenciados pela moradora Cássia. Como publicado no Portal de Educação Ambiental do governo do estado de São Paulo, “as mulheres, em especial as mulheres negras, que são as populações historicamente excluídas e invisibilizadas pela sociedade, são as mais afetadas pela poluição, pela falta de saneamento básico, pelo despejo inadequado de resíduos sólidos nocivos à saúde; pelas moradias em zonas de risco e insalubres; pelas enchentes; contaminação; e pelas inúmeras consequências das mudanças climáticas globais”. 

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