Ser mulher no Piquete

Cerca de 25 mulheres participaram de roda de conversa promovida pela equipe de Gênero em Pauta Unesp

Durante a conversa, que contou com a presença de moradoras e seus filhos, no centro comunitário do Piquete

Texto: Eduarda Cardoso, estudante do 3° ano de jornalismo

Fotos: Laura Cardoso, estudante do 3° ano de jornalismo

 A equipe de Gênero em Pauta Unesp promoveu no último sábado, 28 de setembro, uma roda de conversa com moradoras da favela Piquete, em Bauru. O encontro reuniu cerca de 25 mulheres, com o propósito de debater as vivências e as questões que impactam a vida das moradoras no território.  

 As ruas de barro, o esgoto a céu aberto, a ausência de saneamento básico e o preconceito enfrentado por quem mora na favela foram alguns problemas abordados pelas participantes. “A gente mata um leão por dia”, “morar aqui é ser guerreira”. Essas foram expressões usadas respectivamente por Claudete, 52 anos, e Cássia, 39 anos, ao falarem sobre as dificuldades do cotidiano. “Esse Piquete aqui é esquecido por Deus”, completou Claudete, que vive no local há sete anos e é responsável pela criação de um de seus seis netos. 

Quando chove no bairro, lama e esgoto se misturam. As moradoras dizem aguardar, há tempos, a promessa da prefeitura de levar infraestrutura ao local. “Eles prometeram, têm que cumprir”, afirmou a liderança comunitária Rose Ignácio Pedro.  

Outras mulheres presentes – a maioria mães – destacaram a necessidade de ter um posto de saúde mais próximo, ruas pavimentadas, regularização das moradias, oportunidade válida de emprego e um olhar efetivo da prefeitura para a realidade local. O desejo de não receberem comentários discriminatórios sobre morar no Piquete e serem reconhecidas como cidadãs foi reforçado em diferentes falas. “A gente sofre preconceito. Quando chegamos em algum lugar [para entrevista de emprego], perguntam nosso endereço, “onde você mora?”, relatou Cássia, que tem três filhos e um neto.

A partir desta conversa, a equipe de Gênero Em Pauta Unesp inicia o processo de aprofundamento nas pautas para a produção de reportagens, que pretendem contribuir para a ampliação do debate público sobre o cotidiano de mulheres em territórios periféricos de Bauru.

 

Cassia e Claudete, ambas moradoras do Piquete, durante a roda de conversa
Participantes no centro comunitário da favela Piquete, onde ocorreu a roda de conversa
Casa de madeirite entre as ruas da favela Piquete, construção comum por lá
Moradoras de diferentes idades concentradas nos diálogos, no espaço educativo do centro comunitário